"Listamos algumas observações que toda mãe sempre escuta quando seu filho nasce. Da próxima vez que alguém insistir, você já sabe o que responder.
O bebê deve dormir de bruços, certo?
Crianças gordinhas são mais saudáveis.
Sorvete no inverno? Nem pensar.
Você provavelmente deve ter escutado essas e outras observações quando seu filho nasceu. Mas os anos passam e os hábitos mudam. Baseando-se em evidências e pesquisas científicas, os pediatras concluíram que muitos daqueles conselhos dados por nossas avós, mães, sogras e tias não fazem mais sentido. A seguir, listamos alguns deles.
1. DESCASCO TODAS AS FRUTAS?
Um cuidado exagerado que pode ser deixado para trás. A partir dos 9 meses, não há risco de a criança se engasgar. Além disso, algumas cascas são fontes de fibras e vitaminas. Mas não se esqueça de lavar bem as frutas com uma escovinha e água corrente e, se possível, prefira as orgânicas, produzidas sem agrotóxicos.
2. É PRECISO MESMO ESTERILIZAR?
Sim, os cuidados com a higiene são mais rigorosos hoje em dia. Por isso, ao menos até os 6 meses de idade, é necessário esterilizar os utensílios do bebê, como mamadeiras e chupetas. Mas, desde que a água seja de procedência confiável, não é necessário fervê-la para o banho.
3. O COSTUME DA PAPA LÍQUIDA
O antigo hábito de bater os legumes da papinha no liquidificador deve ser esquecido. O motivo é que, ao mastigar os alimentos, o bebê estimula os músculos da face, essenciais para o desenvolvimento da fala e da deglutição. Além disso, as papas líquidas têm menos fibras. O melhor jeito de preparar a refeição é amassar os alimentos com garfo ou socador e, se for o caso, passá-los na peneira em seguida.
4. O BEBÊ DEVE DORMIR DE BRUÇOS
Não mesmo! Hoje, a Sociedade Brasileira de Pediatria aconselha colocar o bebê de costas. Não se preocupe: ele não vai engasgar, a tendência é que a cabecinha caia naturalmente para o lado. Caso regurgite com frequência, o pediatra pode sugerir que ele durma com a cabeça elevada.
5. QUANTO MAIS TALCO, MELHOR...
O clássico de Gilberto Gil, gravado nos anos 1980, brinca: “minha alma cheira a talco, como bumbum de bebê”. Mas as crianças do século XXI já não usam mais o antigo cosmético. Quando a mãe passa o talco no bebê, produz-se uma névoa que tende a ser inalada pela criança, e que pode causar problemas respiratórios e alérgicos. Portanto, fique longe do produto para o bem do seu pequeno.
6. BEBÊ GORDO É FORTE!
Crianças gordinhas sempre foram sinônimo de saúde. Não mais. A obesidade infantil é um problema que cresce a cada ano – e que muitos pais não enxergam com a gravidade que deveriam. Por isso, desde a infância, é importante manter bons hábitos alimentares e evitar o sedentarismo.
7. NO CHÃO, NÃO!
Foi-se o tempo em que os bebês ficavam só no berço, enroladinhos em suas mantas. A partir do 3º mês, eles podem ficar sobre superfícies macias, como colchas e edredons, no chão. Nessa posição, brinquedos suspensos sobre a criança são um ótimo estímulo.
8. CONTRA TOSSE: XAROPE
Tossir é um jeito natural de o corpo eliminar secreções. Em vez de usar mucolíticos (que ajudam a dissolver o catarro), aposte na água, em forma de líquidos e inalação com soro fisiológico. O tapinha nas costas, conhecido como tapotagem, também ajuda a expulsar o muco.
9. PÉS TORTOS? BOTAS NELES!
Outro artigo que caiu em desuso foi o fatídico par de botas ortopédicas. A ortopedia moderna entende que o melhor remédio para corrigir os pés é o tempo. Em geral, o problema desaparece até os sete anos. Caso contrário, existem palmilhas especiais que dão conta do recado.
10. ATENÇÃO À FIMOSE
Este é outro item que gera polêmica entre mães e avós. O prepúcio (pele sobre a glande do pênis) tende a descolar naturalmente. Por isso, não há necessidade de forçá-lo a abrir, como se acreditava antes. Se isso não ocorrer naturalmente até os dois anos, recomenda-se uma cirurgia (conhecida popularmente como circuncisão).
11. MOEDA PARA BAIXAR UMBIGO
A simpatia consiste em colocar uma moeda sobre o coto umbilical e depois enfaixar a cintura do bebê, um recurso incômodo e que não resolve o problema. Vale lembrar que a hérnia nessa região é natural e desaparece espontaneamente. Caso não aconteça, uma pequena cirurgia pode ser indicada pelo pediatra.
12. AS VACINAS SÃO SEGURAS?
Sim, elas estão cada vez mais seguras. Graças à evolução da medicina, elas hoje também previnem uma grande variedade de doenças. Ainda assim, o tema envolve teorias infundadas. Vacinar não é só um ato de amor mas também de responsabilidade, com o seu filho e com toda a sociedade, já que você colabora para evitar a disseminação de doenças.
13. SORVETE NO INVERNO?
As mães antigas juravam que a delícia faz mal na estação do frio. Mas não há evidências científicas que confirmem tal teoria. Na verdade, o sorvete até alivia a dor de garganta em alguns casos.
14. ESCOVA DE DENTES SÓ MAIS TARDE...
É consenso que a higiene bucal deve começar antes mesmo de os primeiros dentinhos despontarem. Após as mamadas, limpe as gengivas e a língua com uma gaze umedecida. Depois, pode usar uma dedeira e, futuramente, a escova infantil.
15. RECEITAS DA VOVÓ?
Aqui, abrimos uma exceção: há boas e sábias receitas dos tempos da vovó. Canja de galinha para curar o resfriado, suco de ameixa contra prisão de ventre e compressa com álcool para baixar a febre são exemplos que ganharam o aval da medicina. Ainda assim, antes de aplicar os truques, consulte o pediatra. É a união da experiência dos médicos com o instinto dos pais que garante uma infância saudável, hoje e sempre.
NÓS CRIAMOS VOCÊS ASSIM!
Quando a mãe quer uma coisa e as avós sugerem outra diferente, alguns conflitos podem começar com essa frase. O que fazer?
Os especialistas ressaltam que só vale discutir se o motivo for prejudicar a criança. É importante tentar ouvir o que as mães mais experientes têm a dizer. Em muitos casos, as dicas são realmente úteis. Uma boa estratégia é levar as avós na consulta ao pediatra. Além de permitir que elas se atualizem e esclareçam dúvidas importantes com o médico, o recurso serve para aproximar as gerações e deixar as mães mais tranquilas. À medida que as crianças crescem, mesmo que as mães não sigam os antigos conselhos de família, as avós começam a interferir menos. E o que dizer da clássica permissividade das vovós, que adoram derrubar as regras colocadas pelos pais? Até isso pode ser tolerado se acontecer apenas na casa delas. O importante é que o vínculo familiar não seja ameaçado por picuinhas e futilidades. Não é justo nem com a avó nem com a criança."
Fontes: Eduardo Troster, pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein; Peter Abram Liquornik, pediatra, membro do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria; Tania Shimoda, pediatra do PS do Instituto da Criança da Universidade de São Paulo.
Fontes: Roberta Palermo, terapeuta familiar, e Marcelo Reibscheid, pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz.
Blog:
A caçula da Família Copati Colin